Podemos considerar que hoje, 29 de março de 2022, se inicia, na prática, a nova era do Botafogo. Foi o dia da apresentação do treinador Luís Castro e o primeiro treinamento com ele no comando.
O investidor do clube, John Textor, estava presente na apresentação do novo treinador.
A entrevista foi uma verdadeira aula protagonizada pelo treinador português, pelo nível de conhecimento, de ideias, de observações. Não há como não ficar empolgado após acompanhar a apresentação de Luís Castro.
Durante a entrevista, alguns pontos respondidos por Castro foram os seguintes:
- disse que temos dificuldades estruturais, de espaço para treinos;
- teve outros convites, mas escolheu o
Botafogo e foi uma escolha consciente. Apesar das dificuldades citadas, acredita muito
no projeto e nas pessoas envolvidas no mesmo;
- disse que é importante paz para trabalhar a construção, que o projeto não é para um
ano;
- sobre o sucesso de treinadores portugueses, respondeu que ganhar campeonato não pertence a um país, pertence ao mundo. Disse que o que mais
apreciam é a forma como as equipes jogam e em campo se manifestam. Falou que foi treinado por Paulo Autuori e Marinho Perez e os citou como referências;
- disse que trabalhar no Brasil sempre foi uma meta e citou diversos craques. Mostrou conhecer o Botafogo e sua história;
- sobre projeção de conquistas, disse que esse projeto não pode ser imediatista, que não
podemos correr sem saber andar. A expectativa é
grande, mas para construir algo é necessário tempo e deseja tornar o Botafogo ainda
maior. Espera não ser, pela primeira vez, despedido no meio de um trabalho;
- sobre a primeira impressão do time, parabenizou o grupo pelo jogo
contra o Fluminense. Disse que a equipe quis muito ganhar, viu uma equipe unida, que criou dificuldades ao adversário;
- perguntado sobre estrutura, disse que não temos espaço para treinar, mas isso não
é desculpa e temos que ganhar assim mesmo. Ressaltou que hoje
não temos essa estrutura, mas poderemos ter. A organização do clube está
muito boa, os departamentos muito bem definidos. Cada líder de
departamento deve assumir suas responsabilidades;
- sobre estrutura, John Textor disse que temos grandes parceiros. O CEFAT
mostrou pessoas comprometidas com o clube, citou também o Espaço Lonier. Disse que infelizmente é como uma colcha de retalhos, por serem lugares
distantes entre eles, mas estão muito unidos, todas pessoas envolvidas
nos centros tem amor e estão envolvidas pelo clube. Vai trabalhar para que
esses problemas sejam sanados. O time principal precisa de isolamento, treinar
de forma privada. Por outro lado, é positivo
quando os meninos da escolinha têm contato com os jogadores do time
principal, como acontece no Crystal Palace, mas lá os centros de treinamentos são próximos.
Disse que o Botafogo é um dos maiores times do mundo, que o pessoal
do Palace olha para o Botafogo como algo grandioso e precisamos que os centros
de treinamento façam jus ao nome e grandeza do clube. Disse que vai buscar apoio dos parceiros e buscar locais apropriados para o Botafogo. Ainda está conhecendo
a cidade;
- Luís Castro disse que trabalhar no Botafogo representa muito e se
conseguir colocar o clube novamente no caminho do sucesso será uma marca
muito forte. Disse que a escolha pelo Botafogo não foi difícil,
foi consciente e foi acertada;
- Castro citou que foi marcante a imagem dos torcedores alvinegros no
clássico. Disse que aquilo é ter paixão, é gostar, mesmo não tendo ido à final;
- sobre espírito vencedor, Luís Castro disse que isso está associado ao ser humano desde que
nasce. A sociedade, doente, muitas vezes não permite. Os líderes de departamento
são decisivos na dinâmica de um clube, que uma coisa perigosa na estrutura de um
clube é a comunicação. Quando a comunicação não é limpa, fica caótica a
organização;
- sobre o elenco, Castro disse que está sendo construído em momento difícil, que alguns jogadores que são alvos não têm sido liberados por seus clubes. Disse que precisa fazer render o que
temos. Solicitou que os torcedores tenham consciência do momento.
- John Textor considerou que a mentalidade do Botafogo é baseada numa
história recente de resultados não tão expressivos. Disse que acorda todo dia otimista, mas ser otimista não é suficiente, precisa
de razão que justifique esse sentimento. Quer que os torcedores acreditem, mas é preciso dar razão para isso. Disse que ele e o técnico estão confiantes do que são capazes, mas para que os
torcedores compartilhem dessa crença, precisam dar evidências do que está
sendo feito a cada dia. Há uma grande mudança na forma de administração dos
clubes. A nova legislação está permitindo isso. Os torcedores podem acreditar a
partir dessa mudança, que é um momento histórico. Disse que os torcedores podem perceber
que os líderes do clube foram os primeiros a abraçar a mudança e nós vimos a reação dos
torcedores nas ruas quando foi aceita a proposta dele, mas que não foi por conta da proposta dele, mas pela nova forma de se administrar o futebol. Que o Botafogo foi o primeiro a entrar na nova era
do futebol e que estão prontos para fazer o melhor, caminhando na direção
de fazer algo diferente, trazendo um técnico de primeira linha e buscando jogadores talentosos. Disse que ao redor do mundo, quando ouvem o que está
acontecendo no Botafogo, querem fazer parte desse time. Disse que temos uma janela muito
pequena para trazer jogadores, mas é preciso um passo de cada vez;
- sobre mentalidade vencedora e protagonismo dos jogadores, Luís Castro disse que existe de forma concreta quando vemos as equipes em campo. Com
uma forma de jogar integradora podemos potencializar os jogadores. Disse que todos devem
participar dos movimentos defensivos e ofensivos. Se quer ter um jogo de
sucesso temos que chegar a frente com muitos jogadores e ao perder a bola que haja reação rápida. Acredita que os seus jogadores tenham essa
mentalidade vencedora e o clássico mostrou isso. Lembrou que o Botafogo, embora não tenha ido para a final, ganhou o último
jogo e ganhou bem . É dar
continuidade a essa energia positiva;
- sobre sua equipe de trabalho, Castro disse que não é
surpresa que um treinador se faça acompanhar de sua equipe técnica e não abdica
de ninguém de sua equipe;
- Castro disse ser impossível trabalhar com 40 jogadores, que deseja trabalhar com 27 de linha e mais 3 goleiros. Serão 30 jogadores e mais a equipe B, que será criada. Disse que um olhar sobre essa equipe B possibilitará o aproveitamento de alguns jogadores para a equipe A e, aqueles que não renderem na A, passarem para a B. Que alguns jogadores estando no time B poderão
ter mais atenção do que se estiverem no A.